Os pais de mais de 900 soldados israelitas destacados em Gaza assinaram uma carta a apelar aos militares para cancelarem uma ofensiva em Rafah, considerando-a de uma “armadilha mortal” para os seus filhos. “É evidente para qualquer pessoa com bom senso que depois de meses de avisos e anúncios relativos a uma incursão em Rafah, há forças do outro lado a preparar-se ativamente para atacar as nossas tropas”, refere a carta, que foi enviada no passado dia 2.
“Os nossos filhos estão física e mentalmente exaustos”, acrescenta a carta, dirigida ao ministro da defesa, Yoav Gallant, e ao chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), tenente-general Herzi Halevi. “E agora pretendem enviá-los para esta situação perigosa? Isso parece ser nada menos do que imprudência.”
A carta foi inicialmente assinada pelos pais de cerca de 600 soldados, mas nos últimos dias a lista cresceu para 900.
Mais de 350 mil palestinos fugiram de Rafah na semana passada, após avisos israelitas para evacuarem antes de um ataque militar iminente que abrirá uma nova fase sangrenta do conflito de oito meses. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, rejeitou a pressão dos EUA para adiar um ataque em grande escala à cidade, onde cerca de 1 milhão de palestinianos procuraram abrigo depois de fugirem dos combates no início do conflito.
“Rafah é uma armadilha mortal”, disse Anat, mãe de um soldado das forças especiais israelitas destacado em Gaza. “O Hamas teve muito tempo para preparar o local para o assassinato dos nossos soldados. Estamos muito preocupados.”
“As nossas apreensões materializaram-se quando testemunhámos a retirada imediata dos militares de uma área, apenas para o Hamas recuperar rapidamente o controlo”, salienta Anat, citada pelo jornal britânico ‘The Guardian’. “Nos primeiros meses da guerra apoiámos toda a operação. Não houve outra escolha senão lutar e livrar-se do Hamas em Gaza. Mas nos últimos meses, entendemos que não existe um plano claro.”













